17 de fevereiro de 2009

Livro da Escuridão

Tudo o que vivi

escrevi por linhas tortas

nos caminhos que percorri

com meu violão.

Não apaguei, nem desmenti nada

somente faço página virada

de um livro que consulto

sobre um vulto oculto

que envolve e afunda

na solidão profunda

do vazio de meu coração.

Escrevo tudo em tom de tristeza

pois a vejo com beleza,

como faço quando quebro um galho seco

junto às folhas mortas vivas pelo chão.

Faço da dor minha verdade

e colho em felicidade

tudo o que sofri,

tudo o que perdi,

tudo o que não vi

e tudo o que vivi em solidão.

O rio da minha vida

escorre sobre a sombra

de uma árvore à margem

do livro da escuridão.

As folhas caem por sí só

e correm viagem

como notas de canção.

Tudo o que li foi passagem.

Tudo o que vi foi ilusão.

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