30 de setembro de 2008

Passagem

Viajo numa maré calma

onde a alma me sopra mar adentro.

Da música faço meu alento,

da solidão fiz companheira,

da tristeza meu contento

e vivo meu tempo sem tempo

sem chão,

sem dor,

nem fronteira.

Só me movo por dentro.

O resto é puro sofrimento

e a flor do momento

perde as folhas ao vento,

na beira as pétalas secam.

Pecam quando pisam sobre sua poeira

e tudo se torna besteira

sem mato,

sem cor,

nem costeira.

O tempo não perde seu tempo

se a vida não for passageira.