29 de maio de 2009

Duvido...

...de tudo e mais um pouco.

Louco nada, muito menos impreciso.

Conciso, porém indeciso.

Mas justo comigo?

Justo quando resolvi sair do arbusto?

Ah! E tanto custo...

Injusto, que mais eu preciso?

Sabe, o perigo é dar o susto.

Aí não tem bilhete que sirva de aviso.

Depois que reviso todo meu conteúdo

penso que falta um pouquinho de tudo

pro meu ego decidir um novo juízo.

Assim eu sobrevivo.

Incisivo o culto de qualquer besteira

pra sair da fronteira que beira o absurdo

me preencho no fundo com grama rasteira.

O meu brinquedo é pular do abismo.

Cinismo, que nada, é sangue na veia.

Nada de espinho nem de roseira.

Agora eu sou madeira.

Duro. Vivo. Livre de toda maneira.

Dono do meu mundo.

Servo da minha canseira.

Cego de minha viseira.

Pobre do bem afetivo.

Lavo todo o escuro dos olhos junto com a roupa

isso me poupa de outros imprevistos.

Fora os tantos outros conflitos,

fora os muitos e muitos atritos,

fora que o coração esteja em detritos

estou pronto pra outra ribanceira.

27 de maio de 2009

Conseqüência

E quando faltara o amor

eu me deitara.

Fechara os olhos do mundo,

e abrira os da alma.

Afundara o corpo em sono profundo,

virara e revirara,

até que um sopro me tocara a palma,

remexera-me no fundo do poço

e afogara-me na calma.

E ficara sem tempo nem espaço,

sem traço nem esboço,

sem fosso e sem nem um pingo de sangue

no colo que me tange a beira do dorso

e me acalma e acalanta de todo pranto em suplício.

Tudo que passara fora precipício.

Tornara a ser livre de qualquer absurdo,

mudo de todo canto impuro,

solto de qualquer muro que alastra

de um desaforo inútil.

Sutil como música que preenche os pontos,

que arde nos contos como trilha sonora,

que do nada aflora e cora os cânticos.

E tantos foram os refrões inquietos,

brutos e repletos de acidentes múltiplos,

descontínuos de passados fugidios,

arredios como meninos de rua,

que na noite insinua arrepios

que fazem do frio cobertor,

e da lua guardiã.

Afã de qualquer valor,

residi no ardor

e calei-me por completo.

Discreto na dor,

evito o rancor como jus.

Hoje olho pro céu

e não vejo luz.

Continuo cego de amor.