2 de março de 2009

Os Cegos e o Relógio

Enxergo um momento por si só.

Vejo o mundo às avessas,

olho por todos os lados,

ando por todos os cantos,

escuto o tom das conversas

e entendo o porquê das coisas não caírem.

Mas nem tudo é feito de nó.

Vejo que o tempo tem pressa,

o tempo atravessa,

quando tudo não pára.

O tempo dispara

e outro tempo começa,

num tempo de um outro tempo

que o meu tempo não encaixa.

Porém, o que é uma baixa

quando tudo se regenera,

quando nada te espera,

quando tudo é em caixa?

E entendo o porquê das coisas não caírem.

Abaixo,

essa dor que o tempo não cura

que o tempo não paga,

e a esperança se apaga

numa outra promessa.

Porque tudo é peça,

que anda pra qualquer lado.

Tudo é quadro,

que se pendura em qualquer parede.

Tudo é esgoto,

que escoa pra qualquer ralo.

Mas de nada se entende.

No mais, me vendo os olhos

e me calo.

Não sabem o que eu nego.

Não sabem o que eu rego.

Não sabem do que falo.

Cegos...