25 de fevereiro de 2009

Espelho

Vi nos teus olhos meus olhos em ti.

Guardei o sorriso,

qualquer traço do rosto,

e a boca calada.

Mas de nada foi preciso,

de nada.

Nem uma frase,

um sopro,

uma piscada,

somente nada.

O acaso se deu ao trabalho,

trouxe no orvalho

o tempo de ontem,

o cheiro, a cor, o som...

A vida em retalho.

A imagem de outrem

numa mesma paisagem.

O vento me deu o atalho.

Te sinto de perto bem longe.

Te enxergo longe bem tarde.

Te espero nos sonhos da noite.

Te quero pra ter minha paz.

E fico pensando em imagem

um samba de leva e trás.

Tua estrada é minha viagem.

Seu trajeto é meu tempo que faz.

De resto, espero outro ontem

pro amanhã chegar nunca mais.

E a esperança de ser tudo de novo

quando o começo não teve um fim.

Faço do tempo e espaço meu sempre.

Vi nos meus olhos teus olhos em mim.