3 de junho de 2009

In Mute

Confesso e retido num silêncio de tudo,

sem trama e tragédia,

direto e detido de um improviso constante,

enxergo um pouco mais adiante dos meus dias.

Contido o instante, não sou nada.

Sou por completo vazio.

Distante e sem sentido,

sem prosa nem verso.

Desprovido de qualquer variante,

avante pelo universo dominante,

diante somente dos meus sobretudos.

Inconstante, dispenso os poréns e contudos.

Disperso e imerso num sonho avesso,

atravesso os confins congelantes da solidão,

perante a imensidão dos impulsos,

e vigorantes sensações de sobressaltos.

Assim, decreto desarranjo absoluto.

Luto contra meu próprio vulto

envolto ao meu dócil vício.

E sobra qualquer resquício de engano,

qualquer resto de pano de um sacrifício.

Então, fecho os olhos pra sempre

até que nunca me dê um horizonte.

Ou até quando nada tiver outro plano

onde tudo será precipício.