Fujo de tudo que tenho com tudo que posso.
Corto todo o vento no rosto, suporto o peso do tempo na costas
corro pro outro lado do mundo
e convivo com o absurdo
de saber dar o nó e cortar a corda.
Sumo e me escondo por entre os cacos dos meus escombros.
Carrego nos ombros todo o nosso cansaço,
levo nos braços todos nossos sonhos,
passo por cima de tudo,
percorro todos os hemisférios
e atravesso as intempéries da alma
no mais absoluto mistério
que discorre dos caminhos de minha palma.
Mas é como se o tempo me vendasse os olhos
e tirasse a expressão de minha face.
Inundasse meu chão de lamentos,
escondesse meu corpo em disfarce.
Mesmo assim fujo pra outro momento
que o próprio tempo ainda nem disparou.
Fujo pra esconder as mágoas
e escorrê-las nas águas
de um rio que o céu transbordou.
Fujo e levo junto todos os nossos problemas,
todos nossos dilemas
que o tempo sem dó nos reservou.
Fujo pra devolver ao seu mundo
um infinito segundo
que o meu mundo levou.
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