Viajo numa maré calma
onde a alma me sopra mar adentro.
Da música faço meu alento,
da solidão fiz companheira,
da tristeza meu contento
e vivo meu tempo sem tempo
sem chão,
sem dor,
nem fronteira.
Só me movo por dentro.
O resto é puro sofrimento
e a flor do momento
perde as folhas ao vento,
na beira as pétalas secam.
Pecam quando pisam sobre sua poeira
e tudo se torna besteira
sem mato,
sem cor,
nem costeira.
O tempo não perde seu tempo
se a vida não for passageira.